O fim de ano se aproxima, tempo de estar junto à família e amigos... A renovação do calendário é uma genial maneira de nos fazer acreditar na mágica do raiar de um novo ano como uma solução para os problemas do cotidiano e a possibilidade de grandes projetos ou sonhos.
O ano de 2020
tem sido difícil para todos! O surgimento de um vírus, de maneira inesperada,
nos tomou de assalto vários planos e, infelizmente, muitos entes queridos. À
parte do que fizemos de correto no enfrentamento deste vírus (e do muito que
erramos), algumas verdades são inquestionáveis, dentre as quais a mais
dolorosa: o vírus não se foi e a pandemia não acabou!
A realização das
festividades de fim de ano não pode ser cega a esta situação. Isso não quer
dizer que devemos nos trancar em casa ou aderir a um lockdown irracional. Pelo
contrário, devemos usar a racionalidade a nosso favor, minimizando o risco
àqueles que amamos e aos seus amados.
Trata-se de um
vírus com um alto índice de transmissão e não há receita 100% segura. Mas,
considerando o conhecimento atual, podemos (e devemos):
- Restringir as
festividades aos conviventes do mesmo lar, sem receber pessoas de fora.
- Mas, tudo bem,
somos brasileiros, latinos, gostamos de nos misturar, arriscamos... Então, caso
a opção seja receber convidados, o ideal é selecionar aqueles que já convivem
diariamente com a família.
- Realizar o
evento ao ar livre; quanto maior a circulação de ar, menor o risco. Separar os
lugares por famílias e manter um distanciamento mínimo de 1,5m entre as pessoas
e as mesas. Restringir o número de pessoas e o tempo do evento.
- Disponibilizar
álcool gel para todos os presentes e manter os alimentos cobertos.
- O correto é
que as máscaras sejam retiradas apenas às refeições. Nestas festas, comemos e
bebemos (obviamente sem máscaras) e isso aumenta muito o risco de contaminação
(ainda, como agravante, ao consumir álcool tendemos a relaxar).
- Evite o
contato íntimo; beijos e abraços animados podem esperar outra oportunidade.
- Muita atenção
aos chamados “grupos de risco”. As aglomerações com idosos e portadores de
doenças crônicas devem ser evitadas. Caso estes estejam dentre os convidados, a
máscara como proteção respiratória ganha ainda mais importância.
- Seja rígido e
cobre honestidade: em caso de sintomas, a pessoa (e sua família) não deve
comparecer. O período de isolamento de uma síndrome respiratória (ou gripal)
aguda é de até dez dias (independente que tenha sido confirmada Covid-19 ou
não). E é possível reinfecção de quem já teve Covid-19. Ninguém está imune.
Assim, utilizar alguns dos aprendizados que tivemos neste ano, visando uma real
“virada de calendário”, livre de pandemia, é fundamental.
Não há comemoração que valha o dissabor de uma doença na família ou ente querido. Para que tenhamos este e muitos outros finais de ano na companhia daqueles que amamos, não há receita diferente daquela que tem o recheio da consciência cidadã e uma cobertura abundante de responsabilidade.
Ricardo Beneti é
médico pneumologista e professor doutor da Faculdade de Medicina da Unoeste
(Universidade do Oeste Paulista)

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