No ano passado, o Facebook divulgou que
uma equipe de 60 pesquisadores, dentre os quais experts em neuroprostética e
aprendizado automático estavam cuidando de operacionalizar comandos e mensagens
a um computador, mediante exclusivo uso do pensamento. O que será o mundo
dentro de poucos anos? Há quem se preocupe e evidencie temor. Sugere-se uma
analogia com o povo inca, antes da chegada do conquistador espanhol. Não previa
a sua destruição. Assim seríamos nós, entregues à inteligência artificial que
pode nos suplantar. Temos limites, condicionamentos e lindes competências. Será
que corremos o risco de sermos substituídos?
O que sabemos é que precisamos nos educar
e, principalmente, educar as crianças que já nascem com chips. Aficionadas,
viciadas e dependentes das geringonças eletrônicas, perdem a polidez, a
capacidade de se exprimir, vão se tornando autômatos. Como as máquinas exigem
clareza e síntese, começam a tratar os pais com fria aspereza: “Fome”, em lugar
de “eu gostaria de um sanduíche”. “Fora”, em lugar de “prefiro ficar sozinho”.
E por aí vai.
Tudo o que a ciência e a tecnologia
produzem pode ser algo que nos torne mais humanos, mais sensíveis, mais
preparados para uma trajetória cujo fim conhecemos: é a morte. Somos finitos.
Somos frágeis. Não somos eternos. Saibamos nos valer daquilo que a inteligência
humana oferece para tornar os humanos mais humanos e não para acelerar o
projeto de descarte da criatura racional, quando se tornar menos precisa, ágil
e inteligente do que o instrumental que produziu.
José
Renato Nalini foi secretário estadual da Educação
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