A extinta Revista Manchete publicou na
edição 1.253, em 24 de abril de 1976, a conclusão do caso do sequestro do garoto
Guto, ocorrido em Dracena. A reportagem de capa e com quatro páginas de texto e
fotos teve o seguinte destaque: “Suspense, terror e morte no sequestro de
Guto”. A reportagem assinada por Ronaldo Hein contou com fotos de Antonio
Parramon e Adalberto Marques.
Em síntese, a reportagem contou que em
21 de março de 1976, em Dracena, uma falsa empregada, Zizi, desapareceu com o
menino Gustavo, 6 anos, filho des famílias tradicionais da cidade. O fato
desencadeou uma espetacular perseguição policial, realizada por 200 homens, sob
o comando do delegado Sérgio Fleury. Revelou, também, todos os lances de um dos
raptos mais bem planejados e mais emocionantes da história policial brasileira.
O final foi feliz para Guto, que reencontrou seus pais e avós, depois de 18 dias
de cativeiro e trágico para os sequestradores, que foram presos, Zizi
suicidou-se na prisão por enforcamento. Motivo do sequestro: vingança. Preço
pretendido pelo resgate: quatro milhões de cruzeiros.
O CASO
Maria Ivan Vidal Scaff, a Zizi, era
amante de Nelson Khfoury, na época com 43 anos, e que foi o mentor do sequestro
para se vingar da família do menino em função de negociação mal sucedida na
compra de três caminhões, que por falta de pagamento lhe foram retirados, bem
como terras no Mato Grosso. A família negou o fato. Zizi foi contratada como
babá e durante três dias trabalhou na residência no centro de Dracena. Na
madrugada de domingo, 21 de março de 1976, Zizi cortou os fios do telefone e
fugiu levando o menino. A família entrou em desespero e só quatro dias depois
foi contatada por carta pelos sequestradores, que exigiram que a polícia e a
imprensa ficassem de fora do caso. As instruções dos bandidos e as respostas da
família deveriam ser publicadas em cinco jornais diferentes. Foram seis cartas
no total. O menino nas mensagens era citado como príncipe.
O delegado Sérgio Fleury passou a
chefiar as investigações com muita cautela para que os sequestradores não
percebessem. Tinha à sua disposição mais de 200 homens da polícia, Exército e
Aeronáutica, bem como helicópteros, aviões e viaturas. Enquanto isso, o
cativeiro do menino era uma fazenda em Maracaju/MS.
A PRISÃO
Foi marcado o dia de pagamento do
resgate numa estrada entre Pedro Juan Caballero e Assunção, no Paraguai. Foram
preparadas três maletas com notas de 100 e quase 50 quilos de peso. No veículo
seguiram dois policiais de origem oriental para que os sequestradores pensassem
que seriam parentes do menino. No local combinado havia uma mensagem para que o
pagamento do resgate fosse feito alguns quilômetros antes. No novo local
combinado quatro sequestradores foram surpreendidos pela forte ação policial e
não houve tiroteio. A seguir, Fleury e os policiais resgataram o garoto na
fazenda em Maracaju. Zizi foi presa após levar um tiro no pé. O caso terminava
depois de 18 dias do sequestro.
Foram presos Nelson Khfoury e seus
irmãos Wilson e Carlos, além do primo Lenir Balbuena Acosta. O outro preso foi
Elias Khfoury (irmão de Nelson), que ficou na fazenda cuidando da babá e do
menino.
Na cadeia de Bela Vista/MS, Zizi batia
a cabeça na parede e era vigiada por policial. Naquele 9 de abril de 1976, Zizi
recebeu roupas novas para a viagem a São Paulo e aproveitou a ausência do
policial para se enfocar. O corpo da mulher foi levado de avião para São Paulo.
Em outro avião, seguiram o delegado Fleury e o menino Guto, que reencontrou a
família.
NOTAS IMPORTANTES
- A reportagem ficou sabendo desta
edição da Revista Manchete através do Blog do Diego da 95 FM, que recebeu foto
da capa enviada pelo internauta Shiro Oushiro. A partir daí, através da Internet, o
exemplar da revista foi adquirido em um sebo do Rio de Janeiro e entregue em
Dracena.
- O famoso delegado Sérgio Fleury
morreu em 1979.
- A Revista Manchete circulou entre
1953 e 2000.
- A família de Guto faz muitos anos que
não reside mais em Dracena.
- Na Internet foi encontrada publicação
de 1977 sobre as penas dos sequestradores: Nelson a 11 anos de prisão e Carlos,
Wilson, Lenir e Elias a 10 anos. Não há mais informações sobre os envolvidos.
Maria Ivan Scaff teve um filho em 1967, nove anos antes do sequestro.
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