Mundialmente, mais de 1,5
bilhão de alunos e 60,3 milhões de professores de 165 países foram afetados
pelo fechamento de escolas devido à pandemia do coronavírus. No Brasil, foram
52,8 milhões de alunos afetados, da educação infantil ao ensino superior. O que
antes era um modelo engessado, com aulas tradicionais em sala, chamadas de
presenças, provas com fiscais e horários definidos para educação física e
recreio, por exemplo, tornou-se um modelo flexível com aulas on-line e
gravadas, avaliações que não proíbem consulta e um aumento na interação dos
estudantes com professores, seja durante a aula ou em chats dos sistemas de
aula. Um modelo de ensino focado no resultado, onde o aluno torna-se
responsável por seu aprendizado e as escolas precisam ensinar além das
disciplinas tradicionais. Será preciso ensinar sobre gestão de tempo,
empreendedorismo, educação financeira, além de desenvolver competências
socioemocionais.
Antes do Covid-19 (a.C.) o termo da moda
era “Educação 4.0”, em alusão à quarta revolução industrial, guiada pela
internet, com digitalização, coleta e análise de dados. Uma iniciativa
principalmente do setor privado para impulsionar os resultados do Brasil que,
de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nos coloca
muito abaixo da média dos 79 países analisados na última avaliação. Em
matemática, estamos na 70º posição; em ciências, na 66º; em leitura, somos o
57º. Porém, essa nova tendência caminhava a passos curtos, uma vez que poucas
escolas ofereciam condições tecnológicas e estrutura pedagógica para suportar
tamanhas mudanças.
A situação em que nos encontramos é
difícil e desafiadora. A crise de aprendizagem já percebida em todo o
mundo é resultado da ineficácia já presente no ensino presencial [analógico].
Os estudantes se formam nas escolas com déficits significativos em relação ao
que deveriam ter aprendido e os impactos de uma educação básica problemática
acontecem como uma cascata, prejudicando todos os ensinos posteriores.
Estamos assistindo a uma verdadeira
revolução no ensino, onde educadores não apenas precisam, mas estão
experimentando novas possibilidades de ensinar. É surpreendente ver como os
estudantes, pais e escolas adotaram, efetivamente, um perfil colaborativo no
processo de aprendizagem ― e isso é um grande avanço para um dos setores mais
resistentes às mudanças advindas das novas tecnologias. É o que chamamos de
inovação aberta, com a participação de vários agentes.
Do ponto de vista de formação de
professores, será preciso que o ensino superior reveja os currículos dos
cursos, uma vez que a incorporação de tecnologias não é trabalhada pela grande
maioria das faculdades de Pedagogia na formação inicial dos professores. A
revolução que estamos vivendo na educação vai exigir que os profissionais façam
uma aplicação bem feita da tecnologia no seu cotidiano e isso não significa
apenas usar a tecnologia para a transmissão das aulas, mas quer dizer que é
preciso desenvolver uma proposta e uma prática pedagógica baseada nela.
Não podemos deixar de analisar sob o
ponto de vista econômico. A educação nunca mais será a mesma e muitas
instituições de ensino não sobreviverão a essas mudanças. Planejamento passa a
ser fundamental para que as escolas possam entender esses “novos alunos”, que buscam
muito mais que uma formação escolar, mas desejam um projeto educacional
inovador, focada nos resultados, com metodologias ativas e um ensino híbrido,
que leve o estudante para o ambiente escolar presencial apenas quando for
necessário.
Claro que a educação depois do
coronavírus (d.C.) não terá uma conversão definitiva do ensino presencial para
o virtual. Na era pós-pandemia, mais do que nunca, será necessário estar aliado
à tecnologia. Temos que aproveitar este momento para aprender e desenvolver recursos
tecnológicos que são essenciais para projetarmos o futuro, que já é presente.
Um presente que exige estimular ainda mais o aprendizado e possibilitar, de
maneira inteligente, o melhor uso das ferramentas e plataformas da internet.
Claudio Castro é
Empreendedor, Investidor-anjo, CEO e Fundador da Ensinar Tecnologia, Sócio da
Pitang Consultoria, Sunrise, Brainy Resolutions, VP de Inovação da Sucesu-PE e
do Instituto Êxito de Empreendedorismo.
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