terça-feira, 13 de agosto de 2019

O QUE DISSE JUVENAL PEZOLATO SOBRE DRACENA

O ex-prefeito Juvenal Pezolato faleceu aos 93 anos, nesta segunda-feira, em Santa Bárbara d’Oeste. Ele foi prefeito de Dracena entre 1957 e 1961 e vereador de 1961 a 1965.
A última vez que visitou Dracena foi em fevereiro de 2012. Confira trechos de uma entrevista concedida pelo ex-prefeito ao extinto Jornal Diário em 2007.

A MUDANÇA PARA SANTA BÁRBARA

“No dia 19 de março de 1983 eu e minha esposa deixamos essa adorável cidade porque somente nós dois residíamos em Dracena. Os nossos seis filhos haviam deixado a cidade há tempos em razão de estudos ou por transferências de atividades profissionais”.


SEM RESSENTIMENTOS

“Não tenho ou trago nenhum ressentimento de ou com Dracena. Sofri demasiadamente durante os quatro anos de minha administração, tendo por enfrentar uma oposição desleal, agressiva e contestatória. Todavia, reconheço (pois consta na história da humanidade) que todo aquele que buscou proporcionar ou fazer algo de bom para o povo, sofreu injustas contestações. Portanto, não guardo nenhuma mágoa ou ressentimento de absolutamente nada”.

PERÍODO EM QUE GOVERNOU DRACENA

“Acredito que o período de minha administração foi até hoje o mais difícil e crítico que Dracena atravessou. A não ser o eficiente serviço de abastecimento de água, concretizado na gestão de meu antecessor Arthur Pagnozzi, a rigor Dracena não tinha mais nada (a não ser a volúpia de seu crescimento”.

“Seus estabelecimentos de ensino eram barracões de madeira em péssimas condições de segurança e higiene; encontrei a cidade em absoluta escuridão. Não tínhamos plano de asfalto e nem rede de esgoto. Não tínhamos hospital, jardim, delegacia de polícia, hospital, Fórum, cadeia, rede telefônica, matadouro, albergue noturno e biblioteca”.

“Ao concluir minha administração Dracena contava com galerias pluviais, 10 novas escolas, Escola Técnica do Comércio, 10 quilômetros de estrada no município e 40 quilômetros no Mato Grosso, iluminação da Marrequinha, 18 alqueires de terra para o novo aeroporto, postos de saúde em Jamaica e Jaciporã, portão e muro no cemitério, fábrica de tubos e manilhas, posto telefônico no Metrópole e Vila Barros, motoniveladora, caminhão basculante e jeep para o gabinete, Delegacia de Polícia e guarda noturna, ambulância e abertura do açougue municipal de emergência que vendia carne mais barata para o povo”.


DUAS MAIORES REALIZAÇÕES

“Rede de esgotos sanitários e ligações domiciliares – Esse imprescindível melhoramento, cuja conquista tornou-se resultante de minha insistência junto ao Departamento de Obras Sanitárias, sendo a respectiva solicitação, respaldada pela ótima situação de nossas finanças municipais, obtive junto à Caixa Econômica Estadual o empréstimo de quase 40 milhões de cruzeiros. Executamos com fiel obediência o respectivo projeto, por administração direta da Prefeitura e, num prazo de oito meses, construímos 28 quilômetros de rede de esgoto com as necessárias ligações domiciliares (instaladas, inclusive, em todos os lotes vagos). Segundos dados do IBGE de 1982, os meus quatro sucessores num período de 22 anos somente aumentaram a cidade rede em 11 quilômetros”.

NÃO ACEITOU PROPINA

“Recusei aceitar uma comissão (propina) de 14% de uma firma de São Paulo para lhe ceder em empreitada o projeto da rede de esgoto. E eu tinha condições legais para fazê-lo. A soma que receberia, se aceitasse essa propina, foi o que sobrou do projeto executado a contento. Tomei a decisão de recuperar as voçorocas que afetavam parte da cidade. Aplicamos a mencionada sobra de mais de 5 milhões de cruzeiros na construção de galerias, que depois receberam prédios como Prefeitura, Câmara, Correios, Casa do Médico e agência Volkswagen”.

OBRA PARA UMA GERAÇÃO

“Visitando o andamento dos trabalhos na construção da galeria, o gerente do Banco do Brasil, que era meu adversário político, disse o seguinte: ‘Senhor Pezolato, esta construção não é obra para uma administração e sim para uma geração’. Eis aí na frase de um homem lúcido a reconhecidamente capacitado”.

POLÍTICA NAQUELA ÉPOCA

“Minha atuação como vereador foi satisfatória, apresentando 192 trabalhos e sem receber um centavo de remuneração. A política daquela época era em todos os sentidos mais idealista. Os vereadores (por exemplo) se empenhavam de corpo e alma para bem desempenhar as suas funções. Não existiam mordomias (nem um cafezinho era servido nas reuniões e algumas dessas sessões avançavam pela madrugada e tomávamos (pagando) o cafezinho no Bar “Fecha Nunca”, em frente ao prédio da edilidade”.



GRANDE OBRA EM DRACENA

“A minha grande obra em Dracena foi, com os feitos da sadia e honesta administração, colocá-la no pedestal de ser (como é até hoje) a cidade líder da Nova Alta Paulista”.

PEZOLATO COMO ESCRITOR

“Desde os meus 14 anos tenho a inclinação de versar. Ainda muito jovem publicava minhas primeiras poesias no Getulina Jornal. Depois, em 1977, publiquei o primeiro livro sob o título “Rimas sem Rumo”. Continuei escrevendo e guardando. Filiei-me em seguida na Ordem dos Poetas do Brasil, com sede em Porto Alegre, então passei a figurar como autor-participante em dezenas de livros, que se encontram em vários países. O segundo livro foi “Senda de Sonhos”. O terceiro “Rastros Românticos”. O gênero que mais uso e aprecio é o soneto”.

DRACENA É MARAVILHOSA

“Para mim, que ajudei a construí-la, Dracena é simplesmente maravilhosa. É uma cidade bem planejada. É alegre, é aberta, é convidativa, é simpática, é hospitaleira e simplesmente muito bonita”.

MENSAGEM FINAL

“Guardei na memória os versos que li num muro, quando visitei Dracena pela primeira vez em novembro de 1952:

Dracena – Cidade Nova
Onde tudo se renova
No caminho da bonança

Naquele chão brasileiro
De São Paulo cafeeiro
É a Cidade Esperança”


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